domingo, 11 de abril de 2010

Culto Curto

Quero ser do interior
Chega desses livros descritivos
Você gosta enquanto
Não é protagonista

Queria ser caipira
Não esses homens de bigodes
Em preto e branco
Aceitem sua época

Queria ser caipira
Os poemas sobre o vaso
Não resumem a cena
Quero a cena seca

Queria ser caipira
Culto nada
Curto tempo pra isso
Curto saco pra eles

Queria ser caipira
Pois no interior
Todo culto
É curto

e vice-versa

domingo, 4 de abril de 2010

Peripécias de 4ª série.


03:31 da manhã! Veio-me à cabeça uma lembrança muito clara. O evento ocorreu 9 anos atrás, na minha sala da 4ª série B, e desde então, eu nunca mais havia me recordado disso.
Estávamos numa aula qualquer, quando a diretora (a chamada "Burdogui") entra e chama pela Vanessa, uma garota que sentava no fundo da sala, meio rejeitada popularmente por causa dos cabelos esvoaçados de tom cinza. Era feia.
O motivo da chamada foi o seguinte:
Cerca de uma semana antes disso, essa garota estava mudando seu quadro de rejeitada, e ficando popular, pelo fato de estar pagando lanche para a maior parte da sala no recreio. Eu ouvia os cochichos das outras crianças, dizendo que haviam ganhado salgadinhos da Elma Chips, com figurinha do pokemon dentro, balas, dadinhos, e até risoles e cochinhas de frango, especialmente a Juliana, uma loira Pop. Eu não estava inclusa na lista de presenteados, não sei porquê, desconsiderando o fato de que minha popularidade era tão "boa" quanto a da própria Vanessa, salvo os cabelos e o altruísmo momentâneo dela.
Até aí, eu mal tinha me tocado, ou parado para pensar na situação financeira da dita cuja, e muito menos na razão de tudo isso: estava ocupada demais na minha carteira, pensando no episódio de El Hazard que eu assistiria a tarde.
Porém, nesse dia em que a diretora chamou-a na frente de todos, esclareceu-se o caso! A Vanessa levantou da carteira, cabisbaixa, e foi até a porta, onde estavam a diretora, a professora Ione, e uma mulher magrela, que eu pensava ser coadjuvante inútil da cena.
Essa mulher magrela era mãe dela, e lembro da sala inteira ter visto e ouvido ela falar em voz alta - "Por que fez isso Vanessa?" - quando a diretora interrompeu e nos mandou não aceitar mais presentes dela, pois eram comprados com dinheiro roubado, adivinhe de quem; Da própria mãe. Quase todo o salário da coitada.
Isso foi dito em público, com todos presentes: mãe, filha, e idiotas figurantes como eu. No dia seguinte, eu já havia esquecido, preocupada com meu novo mangá. Mas ainda sim, ouvia cochichos em todo lugar, e só hoje, fui refletir em como isso foi dolorido e dramático!

Tudo culpa do filme "Os Incompreendidos", de Truffaut, que acabo de assistir. É tolice ver essas coisas antes de dormir...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dancing with myself


Não tenho isso
Eu tenho é gosto
Aquilo também não
E eu gosto
Nunca tive
Mas sei que gostarei
Uma vez mais, gostosa
Não sei de nada
Sei meu gosto
Não tenho nada
Eu tenho gosto
Eu só tenho gosto

Eu tenho muitos gostos
Todos os gostos
Gosto de todos

Eu tenho tudo
Do mal gosto
Gosto bom

Não sei de nada
Mas gosto, eu tenho.