Eu grito no vácuo da tua boca, cuspo tua saliva, engulo teu catarro, de longe. Só vontade, crua vontade, regurgita nossas formas. Formas tortas, por assim iguais, e impossíveis em seu encaixe. Não há encaixe. Encaixote-me longe de você, afasta-me dos teus seios, que os meus, já arranco, quisera sem sentido, fodesse. Capte-me tanto à angustia, quanto a um puro deleite de bronze em estátua. É impossível, nós, de dois em um. Impossível e surreal, de que tão abstrato seja.
- Texto feito especificamente para a obra "O Impossível" (Maria Martins, 1940), de uma expressividade inexplicável em mim.