ANDRÉ diz:
. eu ando pensando bastante na sensação que dá quando você vai num lugar onde pessoas que você conheceu moraram
. ou você mesmo
. eu fico em transe sempre que passo perto da casa onde passei minha infância
lídia diz:
. hm
. sabe, agora que tocou no assunto
. acho que isso pode explicar a minha ânsia indireta de sair de casa ou da cidade
. talvez eu queira sentir esse transe que você sente
. eu sempre morei aqui
ANDRÉ diz:
. bem pensado
. morar sempre no mesmo lugar dá nisso
. mas a sensação geral pra mim é de tristeza em relação a esses lugares
lídia diz:
. mas... isso não deveria ser uma coisa "boa"? Se não, eu não teria o impulso de almejar...
. eu já me imaginei olhando a árvore da frente da minha casa, daqui uns 30 anos
. me lembrando de "quando minha avó era viva"
. seria uma tristeza, mas ao mesmo tempo
. não sei... um sentimento hipotéticamente vivo e interessante
. não sente isso?
ANDRÉ diz:
. sinto sim
. é aquela velha sensação de nostalgia, não é?
[...]
[...]
lídia diz:
. acho que se a nostalgia fosse uma pessoa
. seria daquelas que você ama e odeia ao mesmo tempo
. aquelas bipolares
. que te fazem rir, como fazem chorar
. mas uma pessoa excepcionalmente reservada
. que dizem ser "meio morta"
. mas que te faz sentir vivo ao estar perto dela
. um negócio meio paradoxal, sei lá.
ANDRÉ diz:
. então, você pode interpretar a nostalgia como sendo nós mesmos
. todo o contraste da coisa
lídia diz:
. tem razão
. o nós do espelho... talvez?
ANDRÉ diz:
. hmm
. realmente
. parece ser uma boa visão das coisas
. ou de nós.
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A conversa foi mais ou menos assim, tirando os erros de digitação no msn.