terça-feira, 2 de junho de 2009

Psico-retrato-dada


escrever
transcrever

da alma surpreender
e render às pupilas nuas meus vestígios

cobertos de lama e do rum
que eu não bebi aquela noite

pirando devagar
girando de pirando vagar

aludi às veias saltadas
expressão possessa

pouco plausível

que em meio à neve
aqueceu-me o frio

matei judeus
saqueei roubados

enterrei passados
tudo nas costas ou nas coxas

pois quem de ponta-cabeça não é
cabeça à ponta fica

ao ensurdecer de arte no abismo
e abismar-se do vazio

onírico

leva daqui essa bota
chutes descalços

pois trazes aqui essa velha bossa
que me abrange o vácuo

das erupções con-fusos estranhos
horários fora do relógio

do meu tempo minha posse
minha forca meus cadáveres
minhas pétalas minhas cinzas

pungentes

olhares tatuados
cheiros ouvidos desejados

na boca ! na boca !

metódica psicose
uma pitada de pedra

no cáli-ce vazio de silêncio
de quem chega e vai
de que não sei expressar
que não estou

do que sou feita

de que sou tudo

do nada

e da loucura desfeita.

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