sexta-feira, 19 de junho de 2009

Vômito.

Sempre odiei discursinhos de lições de vida por aí. "Óh, tudo é hipocrisia, todo mundo é hipócrita." E logo eu... logo aqui estou eu.
No dia que a gente aprende a se auto-castrar, é uma bosta.
18 anos! Idade tão esperada. Carta de motorista! Documento tão esperado. Namorado, tão esperado. Não pode ter quando ainda é importante pra você.
Quando eu estava na 1ª série queria chegar logo à 4ª para empurrar os baixinhos da 1ª na fila da cantina, baixinhos estes que neste momento da história, eu estava inclusa. Mas cadê a 4ª série ? Terminei o 3º colegial ano passado e ainda não cheguei nela.
As coisas que precisa falar, não são mais para a amiga, para o namorado, ou para o professor fodão, mas os conselhos que precisa ouvir vem da sua avó que escreve geladeira com J.
E você dizia "acho que isto não é pra mim" com a maior superioridade individual do mundo, hoje se vê implorando para conseguir entrar e sentir uma faísca do que é este mundo que você desprezou, aquela idade que não viu passar, a carta de amor que escreveu para a lata de lixo, ou a outra que queimou porque foi machucada.
Calcule o que diabos você quer olhar daqui 18 anos e lamentar. Aquela executiva poderosa será motivo de escárnio? Aquela artista louca não passará de uma desprovida de sucesso prático e lógico? Ou aquele matemático mecanizado não passará um desprovido de inteligência sentimental?
Calcule também, o tamanho das inutilidades. Aquelas frases feitas que você repugnava e as pessoas diziam, sem nem saber o que estavam dizendo, se tornam verdades científicas. Frase de orkut mesmo. Até algumas de banheiro, sintam-se à vontade na lista, podem ser úteis.
A fé que você preservava tanto não passava de delírio psicológico. Os amigos que seriam para sempre já morreram e você nem foi ao velório. Os namorados vão e vem, e o de agora, é o que vai ser para sempre, e daqui uns 18 anos, o para sempre pode ser o mais conveniente.
E você diz "Ah, já passei dessa fase. Ou não?" Palavras que se transfiguram em uma bomba relógio pendurada em seu pescoço e a inferioridade bate a porta com um buquê de cactos, e com um rádio ligado em tom de publicidade, te lembrando que no final você não pode ser tudo, nem saber de tudo.
E eles? Te cobraram tanto, te chutaram tanto, te bajularam tanto, te pressionaram tanto. Todos na sarjeta como você, olhando as estrelas que nem sabem se realmente estão lá, afinal, eles estudaram, sabem que a luz viaja à 1 079 252 848,8 quilômetros por hora. E de que me vale agora? E de que eles me valeram?
Ah, mediocridade, só eu sei o quanto eu sinto saudade, do que eu nunca consegui ser.
Será que eu vou dar risada de mim como eu dou risada dos meus 8 anos de idade ?
Espero no mínimo que eu não tenha mofado numa cama até lá.
No fim das contas, o hipócrita é quem usa essa palavra demais.

Um comentário:

  1. haham, enfim um texto em primeiríssima pessoa! Confesso que eu estava ansiosa por ler algo assim escrito de Lídia para o mundo! Ou de Lídia para Carol, pra fulano, pra ngm, tanto faz. Mas acho difícil alguém ler esse texto e permanecer indiferente a certas indagações a respeito desse universo caótico e desse planeta cheio de ídolos e mitos indecifráveis.
    E eu não me sinto á vontade de dizer outra coisa que não seja totalmente clichê como esta que frase que direi: você não está sozinha nessa, cara.

    (Já estou prevendo seu piparote na minha cachola)
    XP

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