quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Chaleira de casa.

Era tarde da noite quando me ligou.
Eu ainda não havia dormido às 3h AM com o mp3 tocando Elliott Smith, mas já teria adormecido há 3 anos atrás, tua voz em minha cabeça. Há tempos não nos falávamos, nem lembrávamos... - Não. Lembrar, creio que lembrávamos; bem como aquelas embalagens de sonho de valsa guardadas no fundo da caixinha de sapato, decorada pra lembranças.
Eu tentei, aos poucos ir refazendo seus traços após o 'alô', e em mais 4 palavras, você parecia estar ao meu lado. Esculpi as lembranças daqueles dias, enquanto respondia monossílabos ao telefone, mas não consegui entender metade do que deu errado: eu não sei do quê eu posso te salvar.
Te convidei para vir até minha casa, e em 30 minutos, você estava a minha porta. Percebi pela imagem do olho mágico, que nunca havia te conhecido de verdade, nem você a mim, mas era a minha campainha que estava a tocar. Abri a porta, e me dei conta de que a pessoa que você era antes, se transformou (ou apenas se mostrou) em alguém para quem eu não me importaria em colocar a chaleira no fogão.
Não conversamos muito, como sempre, poucas palavras, poucas expressões, muitos olhares perdidos se encontrando a todo segundo. E eu me senti lá, contigo.
Dei o endereço da casa, a qual eu me mudaria hoje, e de manhã, achei o papel amassado-culpado na calçada, assim como o cartão de 3 anos atrás.

Eu não sei do quê eu posso te salvar.
Eu ainda não sei do quê eu posso te salvar.
Mas a pessoa que eu conheci ontem, é alguém para quem eu não me importo em colocar a chaleira no fogão.

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