sábado, 23 de janeiro de 2016

Fundo

Eu estou vazia
Eu estou uma merda vazia
Uma vazia de merda, onde nem merda há
Não há nada aqui
Tudo está no fundo
Não há tradução
Um dialeto vazio
Sem significantes
Algum significado deve haver
Pra tanto vazio
Porque é muita coisa, pra pouco espaço
E é tanto vazio, pra tanta coisa

Nada mais é novo
O destino emenda acontecimentos
E remenda a gente
O que eu falo?
Falo nada
Sinto muito
Sinto tudo dentro do vazio
E ele é cheio
Mas não consigo comunicar
Te mandar um sinal
E fico tentando interpretar os teus sinais...

To cheia do vazio que eles deixaram pra mim
Deixaram como num depósito
Uma caixa funda
Que tudo está no fundo, e eu não alcanço
Eu não consigo te dizer
Eu não consigo dizer o tempo
Sou uma pedra em queda livre
Chorando águas passadas
Querendo o presente
E esquecendo o futuro
Por medo de você ser só mais um pedaço
Do vazio que um dia estará no fundo
Para eu nunca alcançar
Eu queria mais que isso...

É preciso compactar
Compactuar com coisas que não sei o que
Ele me disse certa vez, que eu estava sendo como
Um suspiro profundo e aliviante numa varanda
E eu guardei esse suspiro no fundo da caixa
Que já me sufoca e não consigo mais suspirar
E pirar, achando que você possa ser o meu próximo suspiro
Derradeiro, não ligo
Desculpa mas não cabe mais nada no meu vazio
Me ajude a respirar, suspire comigo


Eu quero um começo! Eu preciso de um começo, para os meus finais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário